sexta-feira, julho 17, 2009

Jacareí realiza Feira do Bolinho Caipira

Iguaria, que pode ser encontrada em Jacareí durante todo o ano, pode virar patrimônio cultural do município

Uma iguaria feita à base de uma receita simples - água, farinha de milho e lingüiça – promete não só provocar o apetite de muita gente mas também uma saborosa discussão. Em mais de um século de tradição na cidade, o bolinho caipira ganhou popularidade em festas juninas, sua fama se espalhou pelo Estado e, agora pode virar patrimônio cultural de Jacareí.

A iniciativa de reconhecer o bolinho caipira como um patrimônio partiu da Diretoria de Patrimônio da Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu. E ganha mais tempero com a realização da Feira do Bolinho Caipira, intitulada 'Patrimônio Cultural de Jacareí', que acontece entre hoje (17) e domingo (19), das 18h às 21h, no MAV (Museu de Antropologia do Vale do Paraíba). Na feira serão vendidos os três tipos de bolinho caipira mais conhecidos na região: peixe, carne de porco e lingüiça, acompanhados de bebidas típicas como quentão, além de atrações musicais.

O diretor de Patrimônio, Alberto Capucci, explica que a feira abre espaço para discutir as ideias e propostas para transformar oficialmente o bolinho caipira em patrimônio cultural de Jacareí. “É bom frisar que este evento não é um concurso, mas uma feira onde a população poder saborear o bolinho e ouvir as diversas versões sobre sua origem. Isso faz parte do nosso interesse de declarar o bolinho caipira como patrimônio”. E para apimentar mais o assunto, o diretor destaca ainda que “não estamos dizendo que é só Jacareí que tem o bolinho caipira. O fato é que Jacareí saiu na frente”,

O departamento iniciou estudos e pesquisas para colher dados e informações sobre a origem e difusão desse prato típico. Mas de acordo com Capucci, é um saber que passa 'de mãe para filha', não há registros fotográficos ou escritos, o que existe é história oral. Ainda segundo ele, é provável que a origem dessa iguaria seja com os índios puris (grupo indígena que habitou a região sudeste), que utilizavam o peixe e farinha como ingredientes. Com a vinda dos portugueses, no século XVI, passou a ser feito com carne de porco. Hoje, há variações no modo de preparo, mas a receita à base de farinha de milho branca e lingüiça permanece como a tradicional.

Especialistas – A quituteira Ignes Leme Nogueira de Abreu, que faz bolinho caipira há 40 anos, lembra que, em Jacareí, o famoso salgado deixou de ser um prato típico de festas juninas e pode ser encontrado durante todo o ano em barracas e traillers instalados na cidade. “É irresistível. A receita que fazemos com carne de porco faz sucesso o ano todo”, garante.

E há quem defenda que o saboroso quitute também pode ter um certo requinte e frequentar buffet de casamento e aniversários. “É uma atração em Jacareí. Muita gente vem à cidade e quer experimentar o bolinho caipira. Muita gente faz encomendas inclusive para festas de aniversário e casamento”, diz Berenice Abreu, que aprendeu com a mãe Zilda Abreu a receita do tradicional bolinho feito com lingüiça.

Já a baiana Mirela Gross faz questão de ressaltar que apesar da variedade do recheio, é o tempero que dá mais água na boca. “Cada um põe o seu tempero. Costumo caprichar no condimento e isso tem dado muito certo”, afirma.

Desde 1958 – Um dos mais antigos na arte de fazer o bolinho caipira é o comerciante José Maria de Souza, mais conhecido como Zequinha do Mercadão, conta que faz bolinho caipira de 1958. A sua banca no Mercado Municipal de Jacareí – que funciona desde 1962 – tem como principal atração o bolinho caipira de linguiça. “Também fazemos sob encomenda o de peixe”.

Feira do Bolinho Caipira

Dias: 17, 18 e 19 de julho das 18h às 21h

Local: Pátio do Museu de Antropologia do Vale do Paraíba

Atrações barracas com os três tipos de bolinho caipira (peixe, carne moída e lingüiça) e atrações musicais.
(Por Rosana Antunes, jornalista da Prefeitura Municipal de Jacareí)

quarta-feira, julho 08, 2009

Cinco coisas que não sou e gostaria de ser

Fui convocada pelo Henrique (http://www.brasilenos.blogspot.com/) a discorrer sobre "cinco coisas que não sou e gostaria de ser", um tipo de corrente lançada pelos blogueiros mas graças a Deus, sem apresentações de Power Point inclusas.




Sexy e misteriosa-
É ridículo dizer isso, mas foi exatamente a primeira coisa que me veio à mente. Culpa de Hollywood. Eu queria ser uma coisa meio personagem de Hitchcock com um quê de Scarlet Johanson. E nem falo da beleza (ou dos dotes da região do baixo ventre da loira). Eu invejo aquelas personagens sobre as quais não é possível revelar se são vítimas ou algozes. Só não invejo o destino da morte a facadas. Essa parte, eu passo.

Econômica e organizada- Esta foi até um alívio ler como top five de outros blogueiros. Sou um fracasso com a administração do meu dinheiro. E tenho certeza se ganhasse o triplo, seria a mesma coisa. O problema é na gestão da bufunfa. Eu simplesmente odeio gerenciar as contas. Mais até do que pagá-las. Até baixei uma planilha sobre orçamento doméstico na Você S/A pra ver se eu mudo de vida antes de decretar falência.

Low profile- Ah, o mundo blasè! Das pessoas que falam e riem baixo. Que sofrem de mau humor em dias de sol. Ah, pessoas como minha amiga Marpessa, uma europeia que nasceu em terras tupiniquins por engano. Pessoas que pensam 'bah' quando não gostam de algo, em vez de ficarem vermelhas como eu. Pessoas que tomam café da manhã na Pinacoteca de São Paulo com "cara de intelectuais franceses em bibliotecas novaiorquinas". Ah! Como deve ser bom ser low profile.



Má -
É, acho que excesso de bondade involuntária (é, senão não seria bondade) faz mal. Eu não consigo ficar com raiva. Ó, vocês devem estar pensando: mas isso é bom, Stela (ou isso é hipocrisia e propaganda enganosa e blá blá blá. Pensem o que quiserem porque eu não ficarei com raiva!). Humpf.
A minha bondade fez-me emprestar dinheiro e nunca mais ver a cor da grana e, recentemente, quase fui atropelada ao tentar dissuadir um bêbado desconhecido ao sair da beira da estrada (tudo bem que eu me empenhei em ajudá-lo porque o cara trajava a camisa do São Paulo Futebol Clube e eu entendo a dor são paulina na atualidade).

Profunda conhecedora da reforma ortográfica lusobrasileira - Com ou sem hífen? Sentiram o drama? Responde pra gente Bicarato, please!


Como parte da corrente sem apresentação em .PPT, passo a bola para o Elton Rivas (http://tendenciasa.blogspot.com/), Marpessa (essa é low profile, então dificilmente vai responder), André (http://picbrasil.blogspot.com/), ao Bôe (http://fernandolalli.blogspot.com/), ao Rafa (http://mtv.uol.com.br/blogdorafa/blog) e a Gigi (http://mtv.uol.com.br/blogdorafa/blog).

sábado, julho 04, 2009

Meu celular morreu com Michael Jackson



O último dia 25 de junho marcou a história recente do entretenimento e da cultura pop mundial. A morte de Michael Jackson provocou um colapso momentâneo no Google, mais de 100 mil atualizações por minuto com o nome do astro no Twitter e um incremento quase instantâneo de 8.000% a mais nas vendas dos produtos com a marca MJ.

Michael Jackson é parte da vida de muita gente que, como eu, acompanhou grande parte da carreira artística do Rei do Pop. Lembro-me de ter visto a estreia de Thriller no Fantástico e decorei mesmo com pouca idade muitas músicas do ídolo. Minha infância não teria sido a mesma sem ele, assim como Madonna impactou minha vida desde que a vi dançando vestida de noiva na tevê.

Soube da notícia por telefone, quando tomava banho. Atendi o celular ainda no chuveiro. Era a Taís. Com um tom de voz que misturava drama, descrença e uma certa euforia, ela me contou: "Stela, Michael Jackson morreu. Está em todos sites de notícia, mas a CNN ainda não confirmou".

Fechei o chuveiro perturbada. Como poderia Michael Jackson ter morrido? Ele é do tipo imortal, daquelas pessoas que parecem nunca ter sequer nascido, mas brotado em algum campo pronta direto para o mundo do entretenimento.

Poucos minutos depois, meu celular desligou. A pane atingiu até mesmo o chip com o número que me acompanhava desde 2004 (pelo menos). Já testei em outros aparelhos e nada. Provavelmente, o vapor do chuveiro tenha danificado os 'circuitos'. Poeticamente, prefiro pensar na hipótese do aparelho ter tido um tipo de AVC robótico. "I´m going with Michael".



We care about Michael
Michael é o exemplo dos tempos da modernidade líquida de Zigmunt Baumann: a celebridade líquida, intangível, imaterial, volátil. Suas mudanças atestam como ele personifica os tempos da 'pós-modernidade' e sua morte noticiada instantaneamente é um exemplo da sociedade da informação. O volume de material produzido pela imprensa em homenagem ao astro pop confirma a avalanche de informações.

Ninguém do mainstream fora mais excêntrico. Michael Jackson mudou de cor, de forma, de conteúdo. Não queria crescer pois vivera 17 anos no rancho da Terra do Nunca. Envolveu-se (ou fora envolvido?) em escândalos sexuais. Sua conduta familiar fora tão bizarra quanto as cirurgias para mudança do rosto. Fora casado com a filha de Elvis Presley e dono dos direitos das músicas dos Beatles (o que rendeu um atrito com Paul Mccartney). Por um tempo, dormira em uma câmara e seus filhos eram obrigados a usar uma máscara tão esquizofrênica quanto sua própria imagem. Mas Michael Jackson redefiniu a linguagem do videoclipe e a dança. A MTV não seria o que é sem ele. Nem Justin Timberlake e todo o resto da música pop. E, desde então, nem meu número de celular.