quinta-feira, novembro 23, 2006

Malditas palavras, parte 2



Taí: paciência é uma outra palavra que me persegue. Menos pela grafia, mais pelo conteúdo encerrado.
Sou impaciente e sempre fui. Até aí tudo bem. Quer dizer; tudo bem até os 18 anos, quando nos resta a impaciência do ‘pós’ graduação.

Aos 20 eu era impaciente quanto ao meu futuro profissional após os quatro anos na faculdade de Jornalismo. Resolvi o problema refugiando-me durante 32 dias –e noites, principalmente elas—, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. Voltei com um bronzeado lindo, quatro quilos a menos. Para contar, dias de caminhada à beira-mar, muitas braçadas nas águas do Tenório, vários luais na praia Vermelha (situações bizarras como a vez em que sacaneamos argentinos, obrigando-os a participar de um ritual ‘tipicamente brasileiro’ com chinelos havaianas –pura invenção, é claro), duas novas amigas hoje eternizadas e um amor de praia para, eventualmente, lembrar.

Aos 29, a impaciência tem sido menos poética ou libertária. Não dá mais para ‘fugir de casa’ com vistas a um bronzeado atraente. Nem pegar o carro e dirigir 500 quilômetros. É preciso controlá-la para evitar novas somatizações. Esse é meu desafio.

Eu só sei que quero minha vida de volta. E pensar que tudo começou em janeiro de 2005, quando o ombro pediu socorro. Com ele curado, corro em busca de uma saída. É preciso provar a sanidade das articulações à Justiça. Lidar com frustações (gerada, grande parte, pelos efeitos colaterais da ansiedade, a mesma que me afasta da paciência).

Preciso esperar o barco navegar. Ainda que distante do azul das águas do Tenório.

DNA: qual a relação entre James Blunt, Manoel Carlos e É o Tchan?



Ah, sempre os Malvados.

www.malvados.com.br

domingo, novembro 19, 2006

Exceto por vocês



Há erros imperdoáveis. Imagine começar uma frase como esta sem o H. Considero-me até dona de um bom português e sofro ao ouvir certas discordâncias gramaticais ou meramente gráficas. Tomo mundo erra, é fato. O problema é quando a língua atua como matéria-prima para o trabalho. Não dá para não sofrer ao ouvir um certo 'mortandela', 'estrupo' ou coisa parecida e tipicamente paulistana. Pior que isso, só quando a a gafe é cometida por alguém cuja função reside em justamente caçar erros alheios. Essa pessoa sou eu, dona de um grande trauma gerado pela palavra excessão --assim mesmo, com dois 'esses'.

Eu ainda era foca* quando o fato ocorreu. Trabalhava em um jornal pequeno na minha cidade e havia sido 'promovida' a função de editora. Foi quando deixei passar um baita EXCESSÃO no título de um abre de página*. E eu nunca mais --digo, nunca mais, consegui me lembrar da grafia correta da palavra. Juro ter sido por distração (até o momento eu não tinha dúvidas sobre o uso do cê cedilha em lugar dos dois esses).

Ficou um trauma a ponto de, anos mais tarde, escrever a grafia correta no meu monitor quando o erro já não era mais perdoável. EXCEÇÃO, ato de excetuar! EXCESSÃO? Epa! Socorro! Alguém se exedeu!

Mas os dois esses continuaram a me perseguir, da mesma maneira que a pronúncia de 'wednesday' nas aulas de inglês do falecido JEP (Junior English Program) do Yázigi, a long, long time ago. Eu fugia do 'wednesday' de tal maneira que preferia construir uma longa sentença só para evitar a pronúncia da palavra amaldiçoada (deve ser alguma relação mística com a Família Addams!). Era 'the day during the week between tuesday and thursday'. Or whatever!

Fantasmas gráficos e desvios semânticos, vou me excedendo sem fim. Exceto às quartas-feiras (com crase ou sem?).

;-)