terça-feira, julho 25, 2006

Décadence sans élégance



Quem tem saudades de Axel Rose?

No final dos anos 80 eu ingressava na adolescência.
Meus hormônios borbulhavam tanto pelo som dos Guns n´ Roses quanto pelo seu capitão, o ruivo e, até então,too sexy, Axel Rose.

Em 91, o Guns lançou 'Use your Illusion' e a megalomania associada ao maior egocentrismo do mundo do rock enterrou a banda com a debandada de seus integrantes quatro anos depois do disco que vendeu tanto quanto Beatles.

Axel sumiu. Voltou quase transfigurado no VMA em 2002. Gordo, desafinado e aparentemente ainda mais desajustado.



No mesmo ano, Slash, Duff McKagan e Matt Sorum decidiram se unir novamente e formar uma banda. Um canal de TV ajudou na procura pelo vocalista. O escolhido foi Scott Weiland, ex-junkie e ex-Stone Temple Pilots.

Compuseram o primeiro single da banda para o filme 'Hulk', 'Set Me Free'. Coincidentemente, a banda também era tocada pela liberdade, distante da possessão que Axel Rose exercia no Guns.



Em 2004 o Velvet Revolver lançou seu primeiro CD, 'Contraband'. Bom demais para minar qualquer saudade do Axel.

Mas eis que Axel volta à cena em 2006, no Rock in Rio em Lisboa. E não há dúvidas. Slash, Duff e Matt realmente se deram bem*.

* Embora os shows do 'novo' Guns estejam lotando eu ainda prefiro o Velvet. Seja o Revolver ou o Underground.

quarta-feira, julho 19, 2006

Pule para mudar a órbita da Terra

Tanta balela junta merece destaque.

"Está marcado para às 7h39m13s desta quinta-feira, dia 20 de julho, hora de Brasília, o pulo mundial que vai fazer a Terra mudar a sua órbita e ficar mais distante do sol.

Se o pulo simultâneo der certo, muda a questão do aquecimento global e o dia passará a ter 32 horas.

Para acontecer, o evento precisa ter no mínimo 600 milhões de pessoas pulando juntas no mesmo horário - apesar do ceticismo de alguns cientistas que não acreditam nos colegas do ISA de Munique (Alemanha) que publicaram o estudo que diz ser possível esta mudança cósmica.

O dr. Hans Peter Niesward explica tudo no site do World Jump Day (www.worldjumpday.org).

Até as 13h30 de quarta-feira o site já havia cadastrado 599.182.551 e-mails de "puladores".

Faltavam somente um pouco mais de 800 mil cadastros para chegar ao número necessário de puladores simultâneos. Há comunidade no Orkut sobre o assunto"
.

Enviada por Assunção Barbosa, 19/07/2006 - 13:43 e publicada no IG, hoje (http://minhanoticia.ig.com.br/materias/379501-380000/379672/379672_1.html).


**********

Curiosa que sou, fui no tal site ver a 'explicação científica' pro pulo mundial. A explicação para o cálculo foi a seguinte:

Um tal de Prof. Hans Peter Niesward, do departamento de Física Gravitacional (?) da ISA/München, na Alemanha, publicou um artigo que confirma (na tese do prof.) uma mudança da atual órbita da Terra pela combinação de forças de pulos de pessoas. Segundo o professor e freak nas horas vagas, essa mudança ocorreria com a força mínima de 600 milhões de pulos simultâneos no hemisfério oeste (?) [No meu ponto de vista foi importante excluir o leste do planeta porque não dá pra considerar a massa corpórea dos subnutridos da África, por exemplo].

Além de alterar a rotação da Terra e reduzir os impactos do aquecimento global, teríamos os dias com 32 horas!!! Para quem já trabalha 14 horas por dia é fácil imaginar a escravidão imposta pela mudança?

Às 21h07 do horário de Brasília já havia 600.255.379 puladores registrados... Vai ter gente louca assim lá em Jacacity!

Mais informações no http://www.worldjumpday.org/.

PS.: Cá entre nós, isso não parece coisa dos malucos do The Yes Man, aqueles sobre o qual lhes falei?


domingo, julho 16, 2006

'Carros' e sua piada interna socialista



Carros é mais um filme da Pixar. Com todos aquela mensagem moralista etc, etc e etc. Não que ache isso ruim. Eu sou mãe, pô! Quero meu filho vendo filmes do bem. Recheados de lições de moral e -como diria Cosmo (personagem do excelente 'Os Padrinhos Mágicos' ou 'Fairly Odd Parents')- cheias de blá, blá, blá, blá e blá.

Eu sempre me emociono com esses desenhos e Monstros S.A. ainda é o meu favorito. Mas em Carros, a qualidade das imagens impressiona a ponto de nos fazer esquecer que se trata de um desenho. Bem, a trilha é composta de música country e não poderia ser diferente embora o gênero musical não me agrade.



Saí do cinema hoje com uma satisfação talvez difícil de ser superada por 'Superman, o Retorno'. E contrariando o senso-comun, o ponto alto do filme eleito por mim (um diálogo entre o jovem Relâmpago McQueen e a kombi bicho-grilo Fillmore). Algo como:

McQueen: Por que nunca ouvi falar em gasolina orgânica? É muito boa!

Fillmore: Porque o governo comanda as indústrias de petróleo...

****

Eduardo Galeano e Michael Moore devem ter adorarado.

HAHAHAHAHA

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PS. Aliás, em South Fillmore há uma extratora de petróleo. Descobri no Google, quando pesquisava imagens pra esse 'post'.

quinta-feira, julho 13, 2006

O diabo é o pai do Rock




Meu pai gostava de Raul Seixas mas preferia qualquer uma do Robertão ou do Fábio Júnior. Minha mãe, de Ray Conniff. Eu tinha cinco anos e gostava de Rita Lee. Lembro-me de ter pensado, por várias vezes, na possibilidade dela ser minha mãe.

Eu e minha prima dançávamos "Lança Perfume" nas festas de Natal da família na época em que o tema da música representava, na minha cabeça de criança, um possível arremesso de um frasco.

O ano era 83. Meus pais estavam em processo de separação (e pelo menos nos anos seguinte eu me livrei das fitas cassetes do Fábio Júnior, levadas na mala do meu pai).

Talvez tamanha confusão na minha casa levou alguém a deixar a tevê ligada em um festival que, provavelmente, não atrairia as atenções da minha família. Exceto a minha.

O evento era o 1º Rock in Rio. No palco, um bando de homens de cara pintada. Uma visão quase demoníaca para alguém que desconhecia o "Pai do Rock", segundo o porra-louca Raul. Nas mãos de Paul Stanley e companhia, uma guitarra. Era a primeira vez que eu via uma. Ou pelo menos, a primeira lembrança de uma.



Lembro-me de ter sentido um pouco de medo daquele ser de língua vermelha e olhos esbugalhados, um 'tal de Gene Simmons'. Foi quando ouvi uma voz, provavelmente da minha mãe, dizendo: "parece que eles cultuam Satã". E eu atônita pelo espetáculo e pelo som das guitarras, superei qualquer temor e debutei minha paixão pelo rock´n roll.

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Hoje não importa qual é a melhor banda. O melhor disco. Ou o vocalista mais expressivo. Ou de quem é a paternidade do gênero. Seja de Deus ou do Diabo, o rock continua sendo minha cartase favorita.

Ainda que alguns dos meus ídolos estejam indo e vindo, subindo ou descendo, um Feliz Dia do Rock para todos!

domingo, julho 09, 2006

O que deu em Zidane?



Contrariando a maioria dos brasileiros, pelo menos aqueles eu conheço, torci pela França por uma série de motivos.

Um deles atende pelo nome de Zinedine Zidane.

Pela elegância, pelo bom futebol e -apedrejem-me se quiserem- por ter dado aquele chápeu no Ronaldo. Acabei me esquecendo da decepção e da raiva pelo tal jogador em 98.

No entanto, a cabeçada de Zidane aumentou minha decepção pelo futebol nessa Copa.

E as perguntas que ficam na minha cabeça são: o que deu na cabeça do Zidane? Que diabos Materazzi disse pra causar tamanho destempero? E uma ainda mais grave: se o árbitro não viu, o bandeira ignorou e a demora na expulsão foi estranha, quem determinou a saída (justa, é fato) do jogador mais elegante da Copa?

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O que o Materrazi pode ter dito?




Minhas possibilidades:
1. Você pode até ganhar a Copa. Mas eu sempre terei mais cabelo. E sou mais gato porque sou tatuado.
2. Eu sei o que você fez no vestiário no verão passado.
3. O Ronaldo te cumprimentou. Mas eu vou quebrar suas pernas.
4. Eu já peguei a sua mulher.
5. Sou italiano e mesmo assim meu nariz é menor que o seu


E você, o que acha?

sábado, julho 08, 2006

A teoria do azar

Revista Veja 4 de junho de 1997 - Entrevista: Robert Matthews

O físico inglês explica por que torradas caem
com a manteiga para baixo e tantas outras
coisas dão errado na vida das pessoas


Thomas Traumann

No café da manhã, a torrada escorrega do prato e cai no chão com o lado da manteiga virado para baixo. Quando se tenta escolher às pressas as meias no guarda-roupa, o par raramente combina. Na hora de fechar a porta, a chave correta é uma das últimas do chaveiro. Azar ou simples coincidência? Nem uma coisa nem outra, segundo o físico inglês Robert A.J. Matthews, 37 anos. Ele é um especialista nesses pequenos aborrecimentos diários que se tornaram conhecidos como produtos da lei de Murphy, aquela segundo a qual, se algo tem chance de dar errado, essa coisa, pode ter certeza, vai dar errado mesmo. Matthews transformou-se num cientista popular ao provar que a queda da torrada com a manteiga virada para o chão ou os pares de meia que não combinam são resultado de princípios elementares da matemática e da física. Formado pela Universidade de Oxford, já teve artigos publicados nas principais revistas científicas. Uma delas, Scientific American, estampou-o na capa em abril passado. Casado, pai de uma menina e dois meninos, Matthews mora com a família em Cumnor, pequena cidade do interior da Inglaterra, de onde deu a seguinte entrevista a VEJA:

Veja -- Qual a origem da lei de Murphy?

Matthews -- O autor dessa expressão, o capitão da Força Aérea americana Edward Murphy, foi a primeira vítima conhecida de sua própria lei. Em 1949, ele participava de testes sobre os efeitos da desaceleração rápida em piloto de aeronaves. Para medir isso, construiu um equipamento que registrava os batimentos cardíacos e a respiração dos pilotos. Certo dia, Murphy foi chamado para consertar uma pane no equipamento e descobriu que havia um erro de instalação em todos os eletrodos. Foi aí que ele formulou a teoria segundo a qual as pessoas sempre optam pelo jeito errado de construir determinado equipamento se houver duas maneiras diferentes de fazê-lo. Na prática, era um bom princípio de engenharia de segurança, mas acabou se popularizando com uma lei capaz de explicar os aborrecimentos do dia-a-dia. Como o próprio Murphy previra, havia duas formas de entender o seu princípio e as pessoas escolheram a errada.

Veja -- O senhor concorda que, quando alguma coisa tem chance de dar errado, dá mesmo?
Matthews -- Muitos dos aborrecimentos do cotidiano são bem mais freqüentes do que gostaríamos. Em geral, essas chateações não decorrem de uma grande conspiração contra o bem-estar da humanidade, mas de princípios científicos simples. O problema é que, muitas vezes, os próprios cientistas não enxergam isso e preferem acreditar que esses azares são produto da nossa memória seletiva, que nos faz lembrar mais facilmente dos episódios que dão errado do que dos que dão certo.

Veja -- Por que razão o senhor se interessou pela lei de Murphy?
Matthews -- Comecei a estudar o assunto há uns três anos, depois de ler o relato de um experimento de física numa revista científica. O artigo mostrava que, ao cair de uma mesa, um livro pousava muito mais vezes com a capa virada para o chão do que para cima. Achei o resultado intrigante porque, do ponto de vista da lei das probabilidades, as chances de a capa cair virada para o chão deveriam ser de apenas 50%, uma vez que o livro só tem duas faces. Quando repeti o teste em casa, percebi que o resultado da queda de um livro a partir da borda de uma mesa não tem nada a ver com possibilidades matemáticas, mas com a ação da gravidade e um pouco de fricção. Dessa forma, desvendei também um dos princípios mais célebres da lei de Murphy, o da torrada que sempre cai com a face amanteigada voltada para o chão.

Veja -- Como o senhor chegou a essa conclusão?

Matthews -- Meus testes mostraram que uma torrada, um livro ou qualquer objeto de formato semelhante têm uma tendência natural de cair de cabeça para baixo porque o torque gravitacional não é suficiente para que eles girem completamente sobre si mesmos antes de chegar ao chão. Isso quer dizer que, ao despencar de uma mesa, a torrada nunca terá tempo de dar uma volta completa de maneira a atingir o chão com a manteiga para cima. A distância entre a borda da mesa e o solo só permite que ela dê meia-volta. Isso não tem nada a ver com azar, com o fato de um lado da torrada estar coberto de manteiga ou com a ação de algum gnomo invisível. É pura ciência básica. Se a distância entre o topo da mesa e o chão fosse maior, o resultado seria diferente e é provável que o lado da manteiga estaria salvo.

Veja -- Nesse caso, a lei de Murphy só funciona em virtude da altura das mesas?
Matthews -- Exatamente. Mas isso leva a novas perguntas: por que as mesas não têm altura maior? Porque isso não seria conveniente nem confortável à anatomia humana. E por que os seres humanos não são maiores de modo a permitir que as mesas sejam mais altas? Porque qualquer ser bípede e de forma cilíndrica como os seres humanos não pode ter mais de 3 metros de altura. Pelas leis da física, acima desse porte ele correria risco de vida. Um homem ou uma mulher com 3 ou 4 metros de altura quebraria facilmente a cabeça numa queda. Para que uma torrada caísse com a face amanteigada para cima, seria necessário que a mesa tivesse acima de 2 metros de altura. Isso nunca será possível porque a adaptação dos seres humanos às leis da física impede que tenham estatura muito maior que a atual.

Veja -- O senhor quer dizer que as pessoas estão condenadas a sempre ver as torradas cair com a manteiga para baixo?
Matthews -- Uma solução seria passar a manteiga na face de baixo da torrada, mas isso iria complicar muito a vida das pessoas. Pode parecer estranho, mas se uma torrada estiver caindo da mesa o melhor a fazer é dar-lhe um tapa na horizontal. Isso vai aumentar a sua velocidade e impedi-la de virar. Não salva a torrada, mas evita ter de limpar a manteiga no chão.


Veja -- Em 1993, a rede de televisão BBC reuniu 300 pessoas para jogar torradas para cima e observar como caíam no chão. Só em metade das tentativas as torradas caíram com a manteiga para baixo. O que saiu errado?
Matthews -- Eles não fizeram o teste direito. A situação proposta pela BBC era ridícula. Ninguém fica jogando torradas para o alto durante o café da manhã. Os meus experimentos levaram em conta o que ocorre no cotidiano, quando a torrada escapa pela borda da mesa e vai direto para o chão sem a interferência de nenhuma outra força que não a da gravidade e a da fricção.

>Veja -- Quando uma pessoa vai ao banco ou ao supermercado, geralmente sai com a sensação de que a fila escolhida era a mais lenta. Existe alguma explicação científica para isso?

Matthews -- Pela lei das probabilidades, é sempre mais provável que você pegue uma fila mais lenta. Num supermercado com cinco caixas, as possibilidades de pegar a fila que naquele momento específico vai andar mais rápido que as demais é de somente 20%. Nesse caso, você tem 80% de chances contra você. É uma probabilidade bastante elevada. Significa que, em cinco chances, você tem quatro de entrar numa das filas mais lentas. Não se trata de azar, mas de simples conta matemática. Se alguém observar o ritmo das cinco filas durante o dia inteiro, perceberá que, em média, todas andam na mesma velocidade. A sensação é diferente quando se entra numa delas em determinado momento do dia.

Veja -- E por que motivo quando se tenta abrir a porta de casa com um molho de chaves na mão a correta é sempre a última?


Matthews -- As chances de que a chave correta seja a primeira ou a última são exatamente iguais. As possibilidades de acerto, porém, diminuem de forma proporcional à quantidade de chaves no molho. Quem chega em casa depois de um dia de trabalho geralmente está cansado, quer abrir logo a porta e sempre tem a esperança de acertar na primeira tentativa. Num chaveiro com duas chaves, as chances de acerto são de 50%. Num molho maior, com dez chaves, a possibilidade diminui para apenas 10%. Ou seja, nesse caso há nove chances de erro contra apenas uma de acerto. As chances aumentam bastante depois de feitas as cinco primeiras tentativas, quando resta menos da metade das chaves a ser experimentadas na fechadura. O problema é que, ao chegar a esse ponto, as pessoas já estão convencidas de que há uma conspiração do chaveiro, do universo e da matemática contra elas.

Veja -- O senhor não acredita em coincidência, sorte ou azar?
Matthews -- Não, o que há são probabilidades matemáticas de que alguma coisa aconteça ou não. Veja o caso dos aniversários. Muitas pessoas se espantam quando descobrem que outras nasceram no mesmo dia que elas, considerando que um ano tem 365 dias. Matematicamente, no entanto, isso é muito provável. Se você juntar um grupo de 23 pessoas escolhidas ao acaso, as chances de que duas façam aniversário no mesmo dia é de 50%. Para provar isso, estudei as datas de nascimento de 22 jogadores mais o árbitro de dez jogos de futebol na Inglaterra. Na teoria, eu deveria encontrar cinco aniversários coincidentes em cada partida. Acabei achando seis, o que está dentro da margem de erro. Portanto, se você anda à procura de coincidências, certamente vai achá-las porque, nesse caso, a matemática joga a seu favor.

Veja -- Outra regra da lei de Murphy diz que, numa gaveta de guarda-roupa, a chance de uma meia com par desaparecer é maior do que a de outra, solitária. Por quê?
Matthews -- Imagine que você tenha uma gaveta com dez pares de meias. Por alguma razão, uma única dessas meias se perde. A questão é saber qual será a próxima meia a desaparecer. Usando um ramo da teoria das probabilidades chamado combinações, é fácil entender que se uma segunda meia se perder é mais provável que será uma entre os nove pares completos do que aquela que está sozinha. Quando a terceira meia desaparecer, continua sendo extremamente mais provável que a próxima seja a de um par já formado. Se esse desaparecimento de meias continuar, na metade da história você vai ficar com somente dois pares completos e com outras seis meias avulsas.

Veja -- O senhor quer dizer que é muito improvável que uma pessoa consiga manter uma gaveta com pares de meias completos?
Matthews -- Sim, e isso tem sustentação científica. Numa gaveta com dez pares de meias, é quatro vezes mais provável que você algum dia acabe sem um único par completo do que com todos eles completos. Não há como fugir dessa fatalidade, a menos que você compre apenas dois tipos de meias, metade preta e metade azul, por exemplo.

Veja -- Por que quando alguém sai à rua com guarda-chuva geralmente não chove?
Matthews -- Porque a chuva é um fenômeno mais raro do que se imagina. Mesmo aqui na Inglaterra, onde chove muito e o serviço meteorológico é considerado eficiente, matematicamente a chance de chover em determinado horário é sempre menor que a de haver sol ou apenas céu nublado. No meu estudo, trabalhei com a possibilidade de chuva na hora do almoço. As pesquisas mostram que nesse horário chove apenas uma vez em cada dez dias chuvosos. Então, mesmo que o serviço meteorológico preveja chuva para amanhã, a possibilidade de que chova no exato momento em que você sair à rua é pequena.

Veja -- Além de criar curiosidades de almanaque, que utilidade prática pode ter o estudo da lei de Murphy?
Matthews -- É uma forma de tornar mais populares e didáticos os conceitos da física e da matemática. Quando você toma como exemplos situações rotineiras, como a queda da torrada e os pares de meias que não combinam, fica mais fácil explicar coisas que, do contrário, soariam abstratas demais. O estudo da lei das probabilidades tem aplicações práticas muito sérias e úteis. Serve, por exemplo, para tentar prever a proximidade de um terremoto. Grandes terremotos são fenômenos muito raros. A única certeza que se tem hoje é que, em algum momento, haverá um terremoto de grandes proporções em San Francisco, nos Estados Unidos, e em Tóquio, no Japão. Isso pode acontecer no mês que vem ou em cinqüenta anos. O estudo das probabilidades pode salvar milhares de vidas nessas cidades. Infelizmente, por enquanto seria tão caro e improvável montar um serviço de previsões eficiente que a melhor solução é investir o dinheiro em tecnologia de construção de edifícios que sobrevivam à catástrofe.

Veja -- No ano passado, o senhor recebeu o Prêmio Ig Nobel (junção satírica da palavra ignóbil com Nobel), atribuído de brincadeira pelos estudantes do Instituto de Tecnologia de Massachusetts a pesquisas consideradas inúteis. O senhor também se considera uma vítima da lei de Murphy?
Matthews -- Eu acho que saí ganhando com a brincadeira. O Prêmio Ig Nobel foi anunciado poucos dias antes e ganhou tanto destaque na imprensa inglesa que acabou ofuscando o verdadeiro Prêmio Nobel. Talvez porque seja mais fácil entender as torradas que caem da mesa do café da manhã do que a teoria de superfluidos do gás hélio, a pesquisa premiada com o Nobel de física do ano passado.

Veja -- Na sua vida pessoal, as coisas costumam dar mais certo do que errado?
Matthews -- Algumas dão certo e outras tantas dão errado, como na vida de qualquer pessoa. Ninguém pode levar a lei de Murphy ao pé da letra e achar que ela é culpada por tudo de ruim que acontece. Se o seu carro quebrar quando você estiver atrasado para um encontro, é muito provável que a culpa seja sua porque deixou de levá-lo ao mecânico, e não do capitão Murphy. Afinal, na maioria das vezes o carro não quebra o tempo todo. Meus estudos sobre a lei de Murphy fazem sucesso porque mostram às pessoas que a ciência pode ser algo divertido e próximo do nosso dia-a-dia.

Tinha essa entrevista no computador há algum tempo e resolvi compartilhar com você, que sente-se tão injustiçado pela vida cotidiana quanto eu e o Harvey Peaker.
Sunday Bush Sunday

Enquanto Bono deseja ser o presidente do mundo, quem acha que é deseja ser o Bono? Trata-se de paródia ou uma estranha coincidência? It´s up to you, fellows.

sexta-feira, julho 07, 2006

À Deriva




Imaginei sons
Dores de blues chovemNem quis acordar
Lembrar que não sonho mais
Nenhum dia
Vou mergulhar
Nessas noites sem ar

Correspondi sempre
Se arrependeu cedo
Se me afastar, então já fui
Te confessei tardeCruzei o caminho

De um rio que não corre
mais no seu leito
Vou mergulhar
Nessas noites mortais


Tudo anda lento
Imerso em nós
Diga, se me encontrar
Que nada é bom assim
"Vem pra mim"

Composição: Ed Motta e Zélia Duncan

E FOI HOJE QUE PERCEBI.
DEUS, EU GOSTO DE POP ART.
MAS SOU ART DECÓ!


Em breve, o desenho roubado do site da Marisa Monte vai parar no meu braço.